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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vida social x Rede social

Não. Esta não é uma análise profunda sobre o crescimento do uso das redes sociais no Brasil e no mundo. Não é uma análise comportamental de pessoas viciadas em redes sociais com base em estudos psicológicos. O conteúdo desse post não tem nenhum fundamento científico, e sim um caráter simplesmente observatório de acordo com o meu ponto de vista falho e sentimental das coisas. Como sempre.

Não sei ao certo por onde começar. Eu não me lembro exatamente quando comecei com essa coisa de ficar horas e horas na frente do computador. Eu devia ter uns 14 ou 15 anos, e eu ia pra casa da minha tia, porque lá tinha computador e internet. Era daquelas internets discadas (khhhh, óóííóííííóóó khhhhhh, tãnãnãnãnã, khhhhh...), e só podia entrar depois de meia noite e fim de semana, sendo sábado depois das 14h até segunda feira às 6h. Todo fim de semana eu ia pra lá e passava as noites no bate papo do BOL, ou UOL, sei lá. Até certo tempo atrás eu tinha uma lista com os emails e números de ICQ de todas as pessoas que eu conheci nas salas de bate papo.

Orkut, pra vocês terem uma ideia, eu fiz no computador de acesso livre na agência do Banco Itaú que tinha na Av. João Pinheiro, em frente ao Promove, onde eu fazia cursinho pré vestibular. Ano 2005. O computador deve ter chegado na minha residência em meados de 2006. Demorou bastante até eu ter um computador em casa. Bastante mesmo. E quando eu ganhei um computador já usado da minha prima eu fiquei toda feliz.

E todo mundo já tinha internet banda larga, mas eu ainda usava a internet discada que fazia barulhinho e quando eu contava isso pras pessoas elas morriam de rir de mim. As mais legais me esperavam entrar no MSN (óh! Eu já tinha MSN) depois de meia noite e nós ficávamos até cedo conversando. Eu não tinha acesso a vídeos nem fotos, minha internet era a pura carroça e não servia pra muita coisa. Finalmente em 2008 mais ou menos veio a internet banda larga, e aí, rapaz... Aí a coisa descambou.

Não sei ao certo como, nem a ordem de como tudo aconteceu, mas hoje eu tenho Orkut (embora não entre muito nele), MSN, Skype, Facebook, Twitter, Formspring e esse blog. Além do email, é claro. Sei lá, devo ter mais alguma coisa que não estou me lembrando agora, mas eu tenho.


Ah, que bom que ela cresceu na vida, vocês devem estar pensando. Mas eu digo que esse crescimento é muito relativo. Junto com o meu crescimento "virtual", cresceu também a quantidade de horas em que eu passo diante do computador. Tirando os dias em que eu tenho que sair de casa pra fazer alguma coisa, (eu não sigo rotina, tem dias em que trabalho e tem dias em que não trabalho), eu passo em média 14 horas na frente do computador, basicamente, o tempo em que estou acordada. Não me pergunte o que eu fico fazendo porque eu teria vergonha de dizer que eu faço as coisas mais inúteis do mundo, de assistir vídeos a bater papo e o resto você deduz.

As consequências físicas são visíveis. Esse par de olheiras não me pertenciam, e agora não há maquiagem que as esconda. De tanto ficar com as pernas em posição de "perna de índio" em cima da cadeira dura, surgiu uma espécie de calo no meu tornozelo, e provavelmente será necessária uma cirurgia para retirá-lo. Minha coluna dói quase todo o tempo, porque obviamente não consigo passar 14 horas na posição certa. Vario entre perna de índio, pernas encolhidas, pés em cima da cama, pés na cabeça, pés nas costas, pés nas paredes, pés em qualquer lugar que não seja o chão. Minha visão já deve estar fudida há séculos, mas eu ainda não percebi isso. E, o mais triste de tudo para uma moçoila da minha idade... A barriguinha flácida se acumulando a cada dia. Exercícios físicos jamais, né? Não tenho capacidade de levantar pra ir ali ver "As Cariocas" na TV (e olha que eu tô afinzona de ver), e vou ter ânimo pra malhar?? Mavá!


Agora, o ponto onde eu queria realmente chegar...

E a vida social!?

Eu não sei como responder a esta pergunta. Isso começou a rondar a minha cabeça mais fortemente de pouco tempo pra cá. Não que me preocupe. É apenas uma constatação. De todas as pessoas que eu convivo, menos de dez são conhecidas de outros meios que não a internet. Todas as outras, ou eu conheci pela internet, ou foram relações estruturadas totalmente através de comunicação via internet. Sem contar a quantidade de relações da vida que viraram relações de internet por falta de tempo, falta de créditos telefônicos, enfim. Inclusive, algumas pessoas eu nem conheço pessoalmente. São relações que nasceram na internet e se mantêm fortemente assim, à distância. (ou não)

Não sei o que isso é. Não sei pra onde vai. Não sei se vale a pena ficar escrevendo sobre isso, ainda mais num blog, o que é a mais pura forma de metalinguagem. Falar da internet na internet.
O fato é. Se a internet afasta ou aproxima as pessoas é uma questão que eu não posso responder. A verdade é que eu me sinto muito mais próxima das pessoas que estão na internet do que das pessoas que estão na minha vida real. E sinto que as pessoas reais são muito mais chatas e muito mais falsas e muito mais insuportáveis do que as pessoas da internet. Logo, está clara a minha escolha.


Eu não acho que eu seja uma pessoa na vida real e outra pessoa na internet. Eu sou a mesma Bella pra todo mundo. O fato é que eu começo a me sentir muito melhor e muito mais à vontade na frente do computador do que na vida real. Começo a preferir o silêncio do meu quarto, ou a música que eu escolher naquele momento (agora, I've Seen All Good People - Pink Floyd) do que uma falação frenética de bar ou boate. Prefiro o meu pijama molengo a uma calça jeans apertada. Prefiro o meu cabelo despenteado a minha franja arrumadinha pra frente. Prefiro aqui do que qualquer outro lugar. Aqui eu posso ficar offline quando quiser. Na vida não. Aqui eu posso inventar desculpas pra não conversar com quem eu não quero. Na vida não. Aqui eu posso dividir meus pensamentos com milhões de pessoas, desconhecidas ou não, e escolho o que leio em resposta. Na vida não. Aqui tanto faz. Na vida não. Aqui é muito importante. E na vida tanto faz.

Ass: Bella Marcatti.

PS: www.meadiciona.com/bellamarcatti

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Paixão. No dicionário:

1) Impressão viva. Na minha interpretação, isso é quando você pensa tanto, mas tanto, mas tanto no ser receptor da paixão, que ele se torna quase palpável diante de você. Como se você sentisse o tempo todo aquele perfume, aquele toque, e tivesse realmente vendo aquele rosto na sua frente. Tipo, mas é só impressão sua mesmo. Ilusão, delírio, idiotice, sei lá.

2) Perturbação ou movimento desordenado do ânimo. Na minha interpretação, isso é porque você apaixonado naturalmente tem os ânimos alterados. Isso se reflete nos sintomas mais comuns e facilmente identificáveis, como frio na barriga, coração acelerado, coração saindo pela boca, suor frio principalmente nas mãos e axilas, borboletas no estômago, pensamento longe, déficit de atenção e/ou concentração, sorrisinho no canto da boca, cara de besta, e outros do mesmo gênero.

3) Grande predileção. Na minha interpretação isso é muito óbvio. Quando você está apaixonado por alguém, é óbvio que você prefere ele a qualquer outra coisa. Prefere ele a estudar. A trabalhar. A sair com os amigos. A ficar em casa na frente do computador. A comer. A respirar. A viver. Ou só pensa em viver se for perto dele, 24h por dia.

4) Afeto violento, amor ardente. Afeto na minha concepção não pode ser algo violento. Violência não tem nada a ver com paixão. "Arrebatador" seria uma palavra melhor. Dicionário burro, não entende nada de paixão! Já o amor ardente eu concordo. Já dizia o poeta, o amor é fogo que arde sem se ver... blá blá blá... E arde mesmo, falta explodir. E dói.

5) O objeto desse amor. Na minha interpretação isso é quando você chama o receptor de "paixão", e não o trata como se ele fosse um simples objeto. Dicionário burro. É alguém que você é capaz de respeitar e tratar com devoção, carinho, atenção, e todas as coisas lindas e românticas que um objeto não precisa receber. E que pessoas-objetos não fazem questão de receber.

6) Pena, cuidado, trabalho. Quase me repetindo da definição anterior. É quando você é capaz de se dedicar a cuidar de alguém. É capaz de tratá-lo como ele merece ser tratado, com carinho, atenção, devoção, e todas as coisas lindas e românticas que eu preciso receber. E quando você não vê isso como um trabalho ou uma obrigação, e faz simplesmente porque se sente bem assim, vendo o outro feliz. Dicionário burro.

7) Grande desgosto, grande pesar. Aí é quando não dá certo.

Quando a gente é burro e acha que escolheu o alguém certo. Aí ele te trata como um objeto, não se esforça pra te ver feliz, prefere qualquer programa a você, trata com violência com o seu afeto e de repente desaparece, evidenciando que tudo era ilusão, que os seus sintomas de paixão não passavam de idiotice. Deixa você com o ânimo desordenado, o coração ardendo de ódio, vontade de não estudar nem trabalhar nem viver por mais 24 minutos... e a impressão de que nunca mais vai poder sentir aquele perfume de novo sem sentir um embrulho no estômago.



Ass: Bella Marcatti.