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domingo, 12 de dezembro de 2010

A saga da barata

Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite, certo? Certo. Mas o quê exatamente esperar de um sábado à noite é coisa que a gente não pode prever.

Pra mim, a noite já tinha acabado. Eram 2 da manhã, eu já estava em casa, já havia realizado todo o longo e específico processo de retirar a maquiagem, já estava de banho tomado, dente escovado, pijama colocado. Sem sono. Resolvi ligar o computador pra dar um checada nos emails, ler os twitts que eu perdi, twittar qualquer besteira ou quem sabe encontrar um dos companheiros da madrugada no MSN.

Que calor que tá fazendo em BH esses dias, né? Arreganhei a janela e a cortina pro ar entrar. Eu disse PRO AR entrar.

Visualizem, eu sentada na minha cama com as pernas cruzadas que nem índio, o notebook em cima da cadeira em frente, e eu levemente curvada lendo as coisas, no maior silêncio e distração do mundo. De repente, do lado do computador, em cima da cadeira, aparece ela. Enorme, marrom, cascuda, com antenas do tamanho dos meus mindinhos. Poderia ser até simpática, dizendo "oi, o que você tá fazendo, posso ver?", mas eu não dei tempo pra isso.

Berrei, berrei, berrei, berrei, e saí correndo. A maçaneta da porta do meu quarto saiu na minha mão tamanha a minha delicadeza e calma em abrir a porta pra sair correndo. Correndo pelo corredor (até que enfim a palavra corredor utilizada como deve, se chama corredor é lugar pra se correr) eu não pensei duas vezes, passei pela cozinha e fui na área de serviço. Peguei uma vassoura e o incrível Baygon. Voltei pro quarto devidamente armada e preparada para a batalha.

Ótimo. A minha adversária é da cor do chão, da cor da cadeira, meu quarto é um ovo e tem duas camas e muitas bagunças, além da iluminação super fraca. Praticamente impossível achá-la.

Meu coração acelerava cada vez mais. Sentia o suor escorrendo pela minha testa e pelo meiozinho das minhas costas. Eu tremia e sentia vontade e medo de encontrá-la. Arredei as camas, tirei as caixas do chão, fechei a porta do armário (se ela entrasse lá já era. Eu nunca mais iria encontrá-la, e ela se sentiria a barata mais feliz do mundo no País das Maravilhas). Olhava pra todos os cantos e paredes e nada dela. Nada dela. Putz, já era. Nunca mais eu vou entrar no meu quarto, vou mandar cimentar a porta e fingir que esse cômodo nunca existiu, vou dormir na sala, que bosss........ Aaaaaaaaaaa olha ela ali! Ali! Ali! Ali!

Fiquei tanto tempo comemorando que ela quase sumiu de novo. Ela tava no chão, no meio do quarto e rapidamente correu pra debaixo da minha cama. Logo lá, que é o canto mais difícil de TODOS pra se caçar baratas! Eu subi na cama e fiquei olhando por cima da cabeceira, só espreitando. Enfiei o tubo de Baygon entre a parede e a cama e tsssssssssssssssss...

Tudo evolui no mundo. Uma vez ouvi dizer que as baratas são os seres mais antigos do mundo, e obviamente elas evoluíram muito de lá pra cá. Hoje em dia elas vêm com coluna vertebral e ação anti Baygon. Você esguicha o Baygon nelas e elas levantam a casquinha e dançam "la cucaracha, la cucaracha, tãnãnãnãnãnãnã" fazendo bundinha lelê.

Foi exatamente o que ela fez. Depois estalou a coluna e foi subindo pela parede, até aparecer por cima da cabeceira da minha cama. Eu tinha duas opções. Ou utilizava todos os meus dotes de "le parkour" e dava uma voadora na parede e a esmagava ou eu sujava meu chinelinho lindo branco de bolinhas pretas naquela coisa lindamente nojenta. Lindo mesmo seria se o meu berro daquele momento a matasse de susto, mas o máximo que ela fez foi ficar parada, o que me deu tempo de pegar a vassoura e tá! Tá! Tá! Tá! Morra, sua idiota, morra, morra, morraaaaaaa!!

Ela caiu no chão esperneando, fazendo o maior piti e implorando pela vida. Eu dei mais uma esguichada de Baygon pra ver se ela dançava mas ela não dava mais conta. Morreu. Rá! Eu venci! Ufa. Eu tava suando que nem uma tampa de chaleira, descabelada, vermelha e cansada. Foi uma verdadeira batalha. Mas eu venci.

Varri o corpo até a pá de lixo e a joguei no cesto, num enterro digno que ela merecia no meio das cinzas de cigarro do meu pai, papéis rasgados e outras nojentices.

Voltei pro meu quarto, o cheiro do Baygon estava insuportável. Dancei la cucaracha tãnãnãnãnãnã na web cam com o meu amigo Dani que acompanhou o processo de onde deu, tirei o colchão da cama e fui dormir na sala de estar.

4 da manhã. Agora sim, paz no meu sábado à noite.


Ass: Assassina profissional Marcatti.

8 comentários:

Fernanda disse...

Eu sou exatamente comooo você quando aparece uma visita dessas no meu quarto.. hauahauah tenho cada história para contar!!!

Mas aquiii.. onde estava o pessoal da sua casa para te ajudar na batalha? hauahaua

Bella Marcatti disse...

Acordaram, me xingaram pelo escândalo, me xingaram por ter deixado a janela aberta, me xinagaram pq meu quarto estava bagunçado, me xingaram pelo barulho que eu fiz, me xingaram, me xingaram, me xingaram. E foram dormir.

Flavio Augusto disse...

KKKKK....rolei!
Isso porque já banquei muito o herói, pois minha ex-namo, como a maioria, morre de medo de baratas. Destruí meia cozinha e depois de algumas horas o bicho tava morto - e ela finalmente, dentro de casa.
Afinal, para que servem os homens, não é? Para matar baratas e carregar sacolas, nada mais!

Léo Ferreira disse...

ADOREI o post. Ri demais da conta. Da forma como vc descreveu, consegui visualizar toda a cena. "Morra sua idiota, morraaa!!!" kkkkkkk...

Mandou muito bem no texto!

=)

Bella Marcatti disse...

@Flavio: Pra vc ver como hoje em dias os homens nem pra isso estão servindo mais. Matar barata algumas mulheres já matam sozinhas, e carregar sacola é fáááácil, já que raramente os homens têm paciência pra nos acompanhar nas comprinhas... Hehe!

@Léo: Obrigada por ler, fico feliz que tenha gostado!

Beijoss!!!

JORGE SCARASATI disse...

FANTÁSTICA ESTA BATALHA, EITA SONO MERECIDO!

Carol disse...

Passei por aqui e morri de rir! É... a gente deve se divertir mais com as pequenas coisitas do dia a dia, né? Andei tendo uns duelos desses outros dias... o coração acelera MESMO! rs.
bjo Bella!

Bella Marcatti disse...

@Carol: Pois é, é o tipo de acontecimento que na hora é desesperador, mas dps vc acaba morrendo de rir. A vida tem que ser mais leve mesmo... Sempre! Que bom que se divertiu por aqui, volte sempre! Beijão.