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terça-feira, 4 de maio de 2010

FITO - O ator no teatro de objetos (Parte II)

Simples e sucinta porque essa coisa de acordar cedo está acabando comigo. Estou esbudegada. E meio mal humorada. Pensando em desistir. Mas não pela oficina em si, mas pela oficina em mim. Eu sabia que aquela empolgação de ontem não ia render muito.

Aquecimento: começamos caminhando pelo espaço, percebendo e acordando o corpo. Fernán propôs um exercício de escuta. Quando um pára, todos páram. Quando um começa a caminhar, todos começam. E assim em variados ritmos, todos estabelecidos sem fala pela turma. Depois, em vez do "stop", trabalhamos com quedas. Ir para o chão e se levantar no ritmo do grupo, e sempre caminhando pelo espaço. Depois, deveríamos passar pelos colegas e enxergá-los realmente, olhar nos olhos dele e cumprimentá-lo, deixando que a relação com o outro se estenda ou não. Odeio esse tipo de exercício. É uma falsidade só, se você passa por uma pessoa mais de uma vez na caminhada é obrigada a cumprimentá-la 50 vezes? Não vejo muito sentido. Depois, deveríamos enxergar o colega de longe e cumprimentá-lo ininterruptamente sem tirar os olhos dele no espaço. Depois, imaginar que havia 30 anos que você não o via. Acenar para ele e correr pro abraço, emocionado. Daí começamos a trabalhar as emoções e suas quebras, um dos temas mais importantes da aula de hoje. Às vezes deveríamos rir e outras vezes deveríamos chorar, exageradamente, passando de uma coisa pra outra numa palma. Impressionante como essa mistura de emoções, mesmo que falsas, esquentou e deixou todo mundo morrendo de calor. Tivemos até que abrir a janela.

Passamos para um exercício clássico de clown. 4 pessoas à frente deveriam fazer uma palestra sobre o artigo 17 do estatuto da criança (pf!) em russo. Depois, mais 4 explicaram o hino nacional de não sei onde em num sei que lá, e o último grupo fez o exercício da tradução, enquanto um fala em gromelô, o outro traduz em português para a platéia outra coisa completamente inusitada. Fernán explicou o motivo desse exercício. Colocar o ator em situação de dificuldade, pedindo para que ele fale sobre um tema que não faz a menor ideia, faz com que ele se solte e faça o que vier à cabeça primeiro. Ele não tem o que pensar e nem tem tempo pra isso. Por isso, a emoção vem à tona e tudo o que ele fizer, será verdadeiro. Legal isso, né?

Formação de duplas. Cada um com um objeto, deveríamos criar um número contendo uma quebra (que poderia ser de emoção ou de relação entre ator e objeto) e apresentação do ator em gromelô. Fiz com a Dani. Usamos um touca de banho e um chapéu de caipira, contando a história do nascimento da vida na Terra. Uma viagem só, mas achamos super bacana. Os comentários foram pertinentes, principalmente que eu não troquei olhares com o público, coisa que poderia ter feito mais. De todos os exercícios apresentados, tiramos as seguintes conclusões:

1) O ritmo é importante. Ter um contraste, um mais rápido e outro mais lento é legal.

2) Encontrar a melhor maneira de manipular o objeto para que o espectador visualize melhor.

3) No teatro de objetos, cada pessoa pode fazer a sua viagem e a interpretação que quiser, é livre.

4) A música funciona como um ótimo elemento enriquecedor da cena.

5) Explorar todas as possibilidades do objeto, inclusive sons.

6) Retomando o que já havia sido dito na aula passada, apresentar o objeto para o público como ele é, para depois transformá-lo em outra coisa. E é muito legal voltar o objeto à sua forma normal no final do número.

7) O movimento mínimo com muita energia funciona muito para o ator de teatro de objetos.

8) Capacidade de síntese nas histórias. O teatro de objetos é um teatro de elipses. Nos permite trocar tudo o tempo todo e o público aceita. Tempo passa, coisas absurdas acontecem e tudo é permitido e válido.

Após o intervalo, as duas duplas que não haviam se apresentado no último exercício de ontem fizeram suas apresentações, e surgiram mais algumas questões:

1) Como transmitir os sentimentos humanos para os objetos? Um objeto impaciente, por exemplo, como faço para demonstrar impaciência em determinado objeto? Quais as possibilidades que ele me dá para que eu possa buscar isso?

2) Trabalhar em 2 planos. O plano mais fechado, pequeno, sobre o objeto, ou num plano mais aberto, maior, que abrange também o ator.

3) Um objeto dentro do outro funciona.

4) Quando um objeto pode ser facilmente substituído por outro em determinada cena, significa que aquela não foi uma boa escolha.

5) Com relação às roupas do ator numa apresentação de teatro de objetos. Não precisa ser necessariamente preta, a roupa pode dialogar com o tema da apresentação, como um figurino mesmo. No caso de não ser um figurino, é necessário tomar muito cuidado com as cores, para não "brigar" com a cor dos objetos e cansar a visão do público.

Projeto individual, que virou em dupla. Eu e Marcos estamos montando o romance entre um papel higiênico e um absorvente. Passamos os últimos momentos da aula pesquisando movimentações para os objetos e criando histórias legais pra encenar. Todos os dias faremos uma mostra de processo e a turma nos ajudará no número que será finalizado na sexta feira. Mas eu vou faltar na quinta!!!

No mais, amanhã tem mais. Ai, que preguiça.



Ass: Bella Marcatti.

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