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segunda-feira, 3 de maio de 2010

FITO - O ator no teatro de objetos

Olá, pessoas! Antes de mais nada eu preciso dizer que estou muito contente por ter voltado a escrever no blog com frequência. Tava tudo meio paradão, resolvi fazer um diário de bordo do curso de IMPRO e acabei tendo inspiração para outras postagens e outras atividades também. Quem me conhece sabe o processo meio tenso que estou passando, e o blog, com os comentários de vocês, os elogios, estão me fazendo muito bem. Obrigada!

Agora vamos ao motivo principal dessa postagem. Começou hoje a oficina "O ator no teatro de objetos", oferecida pelo FITO (Festival Internacional de Teatro de Objetos). E eu resolvi fazer após ouvir a dica da Débora, professora do curso de Impro. Ela disse que essa oficina poderia nos ajudar a lidar com objetos na modalidade "jogo com objetos". Além disso, eu estava em casa sem fazer nada mesmo... E era de graça... E apesar de ter que acordar às 6:10h para pegar um ônibus lotado e um trânsito ótimo até o outro lado da cidade para estar lá às 8:00h, eu topei. Pensei em desistir várias vezes, mas um "ah, vai... por mim" ontem à noite me convenceu de uma vez por todas. Fui.

O professor é o Fernán Cardama, argentino que mora na Espanha e tem um estudo muito aprofundado no teatro de objetos. O cara é bom. Mas ele mesmo não sabe definir o que é teatro de objeto e o que não é. E também nem se preocupa muito com essa definição. Estamos ali para experimentar os objetos, criar universos e possibilidades novas, sem muita definição. O importante ali é que há um objeto inanimado que vai criar vida através de um ator preparado pra isso atrás. E é exatamente esse o objetivo da oficina. O ator por trás do objeto. O responsável por tudo.

O primeiro exercício foi uma espécie de aquecimento. Caminhada pelo espaço, percebendo o próprio corpo. Depois, caminhar junto de outra pessoa, hora propondo o trajeto, hora deixando-se ser conduzido pelo colega. Observar o caminhar do parceiro e transportar para o próprio corpo a movimentação para que ele possa ver como caminha. Depois, observar como o outro reproduz o seu corpo no dele. Esse exercício serve para concentração e percepção de si mesmo. O corpo do ator precisa estar acordado e atento para passar toda a expressividade e energia para o objeto manipulado.

Cada participante teve que levar 5 objetos cotidianos para a sala de aula. Foi tudo colocado no chão. Muitos objetos iguais, mas muita coisa interessante. Cada um escolheu um e tivemos 5 minutos para descobrir todas as possibilidades daquele objeto. Peguei um abridor de latas. Fritei, fritei, fritei... E achei um tubarão e um cara sem braço. Todo mundo teve que apresentar suas descobertas para a turma, e surgiram muitas coisas super interessantes. Uma touca de banho que virou um velho, chaves que viraram pés de Michael Jackson e olhos de caramujo, óculos de nadador que virou celular... Ih, muita coisa. A cada mostra, Fernán dava os toques e ia passando o conteúdo.

1) Quando se vê um objeto com a intenção de transformá-lo em outra coisa, temos que observar primeiro o material de que é feito e sua textura, para não criar uma coisa nada a ver que não vai passar a ilusão para a platéia.

2) A colocação do ator na apresentação, que pode contracenar e criar vínculos com a história ou com o próprio objeto.

3) A utilização do próprio objeto e suas possibilidades, por exemplo, o zíper de uma bolsa ser usado como uma faca para abrir o pão.

4) Olhar o objeto como um todo, criar universos, e não apenas pensar no que aquilo parece.

5) A melhor maneira de manipulação e apresentação para o público.

Após o intervalo, a ideia era formar duplas. Cada um com um objeto e juntos, deveríamos criar uma situação de aproximadamente um minuto, com introdução, conflito e desenlace. O objetivo era buscar a limpeza nos movimentos, a contracena com o outro e ao mesmo tempo com o objeto. A relação com o público ainda não era importante, mas apareceu em alguns exercícios. Fiz com a Flávia. Utilizamos um cortador de unhas, um potinho de fio dental e um prendedor de cabelo. As observações feitas do nosso exercício foram super pertinentes. Não mostramos ao público qual objeto estávamos usando antes de transformá-lo em outra coisa (no caso do prendedor de cabelo que era uma aranha) e utilizamos o potinho de fio dental simplesmente por usar, ele não tinha nenhuma função anterior na cena.

Fernán falou sobre divertir-se em cena. Não necessariamente tenha que estar engraçado, mas o ator precisa ter prazer e confiança ao realizar aquele trabalho, só assim ele será bem feito e limpo. O ator inseguro, que não sabe manipular o objeto, não sabe ao certo o que vai fazer, acaba se concentrando no que tem que fazer e esquece de fazer. É como no teatro "normal", o ator que fica em cena lembrando o texto não contracena e não atua. O texto tem que estar automático na cabeça para que tudo flua naturalmente no palco. No teatro de objetos é a mesma coisa, segurança e propriedade do que está fazendo são pontos cruciais para uma boa execução!

Maior aprendizado do dia:
Formas de relação com o objeto: Associação, forma, função e o objeto em si.

Para casa: fritar em seu projeto individual. Todos terão que apresentar um número de teatro de objetos no final da oficina. E os objetos precisam ser da mesma família. Tipo, não posso pegar um objeto de cozinha e um de banheiro. Putz, fritei pra caramba! Mas só depois que acordei da sonequinha mais do que merecida depois do almoço! ;)

Amanhã tem mais.



PS: Super bacana, todo mundo ganhou camisa, bloquinho e caneta do Festival! =)

Ass: Bella Marcatti

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